Em qualquer esporte encontramos atletas que priorizam as partes técnicas, o condicionamento físico necessário, e não dão muita importância para o treinamento mental. Estes competidores acabam tendo uma evolução ínfima além de estagnarem nos seus resultados.
Atletas que participam de competições com situações emocionais que estão lhes perturbando (sejam pessoais, profissionais, familiares, ...) têm suas performances abaladas de forma considerável, pois sua mente está focada em resolver esta questão. O nosso cérebro não consegue estar focado em duas coisas ao mesmo tempo. Desta forma, ou o atleta está 100% direcionado mentalmente a sua prova ou aquilo que compartilha a sua atenção vai prejudicar o seu objetivo. Seja o que for que desvie a sua atenção (uma conversa, um animal, um susto, um carro, um problema, ...) vai determinar o desempenho final. Se na hora da prova você começa a pensar que terá que se resolver com a mulher quando chegar em casa, o resultado é comprometido; se o seu namorado deixou de te acompanhar na competição para jogar bola com os amigos, e durante a prova você fica pensando que foi uma falta de prestígio por parte dele, seu resultado será comprometido; se você pensa que precisa trocar o pneu do carro quando acabar a prova, o resultado é comprometido; se pensa no jantar que terá que fazer para os amigos a noite, o resultado é comprometido; se pensa nos filhos, o resultado é comprometido; se pensa que terá que alcançar uma determinada performance para provar aos outros que você consegue, o resultado é comprometido; ... Além de tudo isso, mentes que estão vinculadas a abalos emocionais com um passado indesejado ou um futuro que não se espera, pode estar influenciando diretamente nos rendimentos do atleta.
Apesar do cenário onde um competidor participe de competições com total ausência de “problemas paralelos” ser praticamente um mundo perfeito, podemos minimizar os efeitos negativos com o treinamento mental. Pesquisas publicadas no livro “O treinamento Autógeno” do neurocientista alemão J.H. Schutz, revela que o condicionamento mental no esporte consiste em mais de 75% da preparação do atleta. O ex-técnico da seleção feminina de Tiro Esportivo, psicólogo Silvio Aguiar, realiza trabalhos de neurofeedback com atiradores da elite brasileira do tiro com a finalidade de desenvolver habilidades técnicas mentais que serão utilizadas nos diversos campeonatos. Estes trabalhos já têm dado frutos ao Brasil com medalha olímpica e atiradores no topo do ranking mundial.
Mas, como realizar estes treinamentos mentais?
Primeiramente precisamos reconhecer qual o estado mental ideal na hora da prova.
Um dos exemplos para este estado é relatado no livro “A arte Cavalheiresca do arqueiro Zen” do escritor Eugen Herrigel:
“A perfeição da arte da espada só é alcançada quando o coração do espadachim não for mais afetado por nenhum pensamento a respeito do “EU” e do “OUTRO”.
Precisamos nos desvincular e blindar de tudo aquilo que pode desfavorecer na hora da competição. Distrações e preocupações são alguns elementos chaves que nos impedem de chegar no maior resultado.
Dois exemplos de treinamentos mentais são, diariamente, o atleta entrar num estado meditativo de concentração por pelo menos 30 minutos, onde, este exercício irá condicioná-lo a ter uma maior resistência de concentração, somente no seu estado técnico, no momento da prova. Nesta hora, arma e atirador devem se tornar um só. Antes de dormir e ao acordar, o atleta poderá fazer 20 disparos mentais, de olhos fechados, mentalizando somente a técnica perfeita para realização do disparo.
A Psicóloga Suzy Fleury, Coach esportiva em várias conquistas da seleção Brasileira de Futebol, ex-integrante da equipe Wanderley Luxemburgo, e Coach esportiva de vários atletas do Brasil, ensina que no momento da competição, quando vier pensamentos adversos, não execute o tiro. Acolha o pensamento, agradeça pela sua importância, e o libere (pois naquele momento não será útil). Geralmente o pensamento incoerente vai embora e o atleta volta a concentração nos seus disparos.
Se os pensamentos nocivos persistirem, der uma pausa, sente-se e faça um exercício de pelo menos 10 respirações profundas concentrando-se unicamente no seu diafragma.
Seja qual for a modalidade, não adianta ter uma técnica apurada e bom preparo físico se não estamos preparados mentalmente para as nossas competições. E isso é muito mais característicos em esportes de tiro ao alvo.
A mente é quem domina o corpo. Consequentemente todos os nossos resultados.
Este ensinamento não é só para o esporte. Mas para toda a nossa vida.
Igor Queiroz
Coach Psicanalítico
fonte: Igor Queiroz -coach